Quem conhece o trabalho do técnico Dorival Júnior, principalmente nos trabalhos mais recentes (e de sucesso) no Ceará, Flamengo e São Paulo, sabe que ele não inventa. Faz ali um 'feijão com arroz' muito bem feito, sem exagerar no tempero. E foi assim que ele fez na sua estreia da Seleção Brasileira. A vitória por 1 a 0 diante da forte Inglaterra foi convincente, em um jogo bem jogado.
E para uma equipe que vinha de um ano terrível e com um futebol confuso sob o comando de Fernando Diniz - que é talentoso mas muito inventivo, com um trabalho muito particular e que demanda muito treino, o que a rotina de uma seleção não proporciona - foi um avanço e tanto.
O que se viu no amistoso contra a Inglaterra em Wembley foi um Brasil executando o plano de jogo com inteligência, sempre perigoso nos contra-ataques. A transição da Seleção Brasileira funcionou, principalmente no 1º tempo, com Paquetá sendo o responsável da 'carimbar' as principais jogadas, distribuindo o jogo. O retorno dele após o afastamento por envolvimento com apostas foi uma boa notícia para a Seleção, que não tinha armador da 'Era Diniz', que improvisava Neymar por ali, um condutor de bola, ou seja, erro terrível.
Com Paquetá distribuindo bem o jogo e boa movimentação de Vini Jr e Raphinha, o Brasil foi perigoso e poderia ter vencido o jogo no 1º tempo, perdendo chances com Vini e boa na trave de Paquetá.
Não foi fácil marcar a Inglaterra, forte fisicamente e no jogo áereo, mas Bruno Guimarães e João Gomes seguraram bem, com auxílio do cearense Wendell, que marcou bem o melhor inglês: Foden.
Beraldo e Fabrício Bruno são zagueiros técnicos, de bom posicionamento, mas sofreram no jogo aéreo inglês. Bento também, não saindo em alguns cruzamentos, mas foi seguro quando precisou, com boas defesas.
As ausências de Harry Kane, Palmer e Saka deixaram o time inglês com menos força ofensiva, dependendo muito de Foden e Bellingham, com o Brasil conseguindo segurar bem as investidas da equipe de Southgate.
Na etapa final, o Brasil manteve o padrão e a lucidez, vencendo o jogo em mais uma jogada de velocidade em que Vini Jr avançou, exigiu defesa parcial de Pickford e Endrick completou.
Em suma, o trabalho na Seleção Brasileira só começou com Dorival e mesmo não sendo brilhante, pelo menos mostrou ser aceitável e de fácil assimilação dos jogadores. Se antes o Brasil era um 'arremedo' de time, pelo menos agora há um padrão e bem executado mesmo com as limitações de treinamento. Com uma seleção renovada, e dois bons amistosos - enfrenta a Espanha na terça - a confiança aumenta para a Copa América em junho.