Foi descoberto um dos mais antigos palácios e templos religiosos da civilização Suméria, uma das primeiras do mundo, na antiga cidade de Girsu, atual sul do Iraque, com pelo menos 4,5 mil anos. O anúncio foi feito por pesquisadores ligados ao Museu Britânico, na última sexta-feira 17.
Conforme o Museu, a redescoberta destes edifícios é um marco da retomada de escavações arqueológicas na região, comprometida por conflitos históricos que envolveram o Iraque. “O palácio e o templo e todas as novas descobertas no Iraque nos últimos cinco, seis ou sete anos lançaram novos insights sobre o que foi realmente este berço da civilização”, afirmou o arqueólogo Sebastien Rey, que lidera as escavações locais, em coletiva de imprensa.
O sítio arqueológico de Girsu tem a fama de ser um dos primeiros da civilização suméria a ser explorado. A partir dessas escavações, iniciadas há 140 anos, foram revelados detalhes sobre a sociedade responsável por inventar a escrita, erguer as primeiras cidades e fazer o primeiro código de leis conhecido.
Os primeiros sinais deste novo complexo foram detectados no ano passado, por meio de drones e sensores usados pelos arqueólogos que atuam em Girsu. Para o início das escavações, foram usadas fotos aéreas dos anos 50 e 70, tiradas por aeronaves espiãs dos Estados Unidos que vigiavam a região sul do Iraque durante a Guerra Fria.
“Podemos comparar essas fotos da década de 1960 com as fotos de hoje e ver como a paisagem evoluiu e isso nos dá muitas informações”, disse Rey ao jornal Evening Standard. “Basicamente, segmentamos áreas onde pensamos que provavelmente encontraremos algo único. Procuramos quaisquer anomalias, linhas tênues que possam ser paredes, canais ou cursos de água.”
Os primeiros muros do palácio foram identificados em setembro e dezembro de 2022 e, na mesma época, 200 tabuletas de escrito cuneiforme, descartadas por arqueólogos do século XIX, foram recuperadas e levadas a Bagdá. O palácio era um grande complexo que funcionava como centro administrativo da cidade, que teve cerca de 30 mil habitantes.
O local sofreu ao longo de décadas com pilhagem e má conservação, além de ter sido danificado em suas primeiras escavações arqueológicas, no século XIX. Agora, com a descoberta da construção, batizada “Senhor Palácio dos Reis”, há expectativas de mais informações sobre os sumérios virem à tona.
Os arqueólogos descobriram a localização do antigo templo perdido de Ningirsu, deus dos combates do sumérios. O templo era descrito como um dos mais importantes da cultura dessa civilização, mas possui breves menções nas tabuletas descobertas.
A existência do antigo templo foi confirmada quando a equipe de Rey se deparou com uma pedra onde estava inscrito o nome do templo e do rei sumério Gudea, responsável por sua construção.
“O templo é chamado Eninnu e foi reverenciado como um dos mais importantes da Mesopotâmia”, informa o Museu Britânico. “A busca por Eninnu tem deixado gerações obcecadas e sua recente redescoberta é um importante marco na exploração do sul do Iraque após décadas de trabalho interrompido.”