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Fortaleza já teve castelo erguido como prova de amor em plena Avenida Santos Dumont

História do apogeu e da destruição do Castelo do Plácido é contada em livro pelo jornalista Eliézer Rodrigues cinquenta anos depois da derrubada do imóvel; obra é lançada neste sábado (24).

Publicada em 22/02/24 às 08:07h - 424 visualizações

Diego Barbosa, DN


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Fortaleza já teve castelo erguido como prova de amor em plena Avenida Santos Dumont
Construção aconteceu na década de 1920 onde hoje funciona a Central de Artesanato (CeArt), na Praça Luiza Távora  (Foto: Acervo Digital Fortaleza)

Construído em 1921 no antigo bairro do Outeiro, atual Aldeota, o Castelo do Plácido é a prova viva de que Fortaleza já sediou uma estrutura desse porte. O prédio ficava na Avenida Santos Dumont e até hoje é considerado uma das pérolas da arquitetura cearense, sobretudo devido ao aspecto afetivo ligado à história dele.

Trata-se de um conto de amor. Foi erguido como presente de casamento do comerciante Plácido de Carvalho, que desposara a italiana Pierina Rossi. “Era uma imensa mansão inspirada em um palácio veneziano. Chegou a ser considerada, à época, uma das mais requintadas obras arquitetônicas então construídas no Brasil”.

Quem conta é o jornalista e escritor Eliézer Rodrigues, autor do livro “Castelo do Plácido - Apogeu e Destruição 50 anos depois”. A obra será lançada neste sábado (24), às 11h, no Passeio Público, e deve transitar pelos detalhes do casarão, cujo projeto e construção são atribuídos ao engenheiro eletricista e artista plástico João Sabóia Barbosa.

Tudo aconteceu na década de 1920 onde hoje funciona a Central de Artesanato (CeArt), na Praça Luiza Távora. Plácido de Carvalho, apesar de ter atendido ao desejo da amada e visto a edificação resplandecer sob o sol alencarino, não soube do fato que ocorreria 54 anos depois: a destruição completa do imóvel em 13 de fevereiro de 1974.

“O livro, assim, chega como mais um alerta para as autoridades responsáveis pelo assunto. Que a derrubada do Castelo seja mais um exemplo forte de que é preciso ação na defesa do patrimônio”, conclama Eliézer.

POR QUE O CASTELO CHEGOU AO FIM

Desde a atuação como repórter e editor de cultura e arte em diferentes periódicos, o jornalista tem interesse por assuntos do patrimônio histórico. Não à toa, mergulhar nas minúcias do Castelo do Plácido pareceu a saída perfeita não apenas para Eliézer radiografar a estrutura de concreto, mas sobretudo a Fortaleza antiga. Livros, entrevistas e jornais serviram como base.

O processo rendeu surpresas. “O que me surpreende é que, quando o Grupo Romcy comprou o terreno e derrubou o Castelo para construir um supermercado, ninguém se interessou em preservar a edificação, especialmente os órgãos oficiais destinados a aplicar metas preservacionistas”, observa.

Nem mesmo intelectuais e a imprensa da época se mobilizaram contra, fatos que ressurgem para o jornalista como alerta frente à nossa indiferença ao que de mais precioso existe nas cidades: construções que contam histórias e dizem muito do tempo de outrora e de agora.

“É necessária a conservação e a proteção de bens históricos”, enfatiza o autor, que também mostra na publicação a atuação de Plácido de Carvalho no mercado de Fortaleza por meio de outras construções edificadas por ele na Capital. A Praça do Ferreira, por exemplo, comportou duas: o Excelsior Hotel e os cines Majestic e Moderno, também já destruídos.

OUTRAS HERANÇAS

O Excelsior foi o primeiro arranha-céu da cidade, inspirado em um edifício de Milão, na Itália. Feito de alvenaria, tijolos e trilhos de trem, teve toda a decoração interna aos cuidados da já citada Pierina Rossi, com materiais importados da Europa. Pompa para todo lado: ao todo possuía sete andares e as paredes chegavam a ter 80 cm de largura.

Os cines Majestic e Moderno, por sua vez, espelham semelhante arrojo. O primeiro, cujo nome oficial era Cine Theatro Majestic Palace, foi inaugurado em julho de 1917 e era considerado o mais luxuoso salão da época. O fim trágico ocorreu devido a um incêndio.

O segundo foi inaugurado em setembro de 1921. Durante oito anos, apresentou filmes mudos animados por um piano perto do palco. As sessões eram noturnas e ele foi vendido para o industrial Edson Queiroz

Lugares simbólicos: narram a trajetória de pessoas e de uma cidade sem morrer no tempo. Ganham os dias pelo olhar de quem entende ser a História uma escrita também do hoje.

 

Serviço

Lançamento do livro  “Castelo do Plácido - Apogeu e Destruição 50 anos depois”, de Eliézer Rodrigues
Neste sábado (24), às 11h, no Passeio Público (Praça dos Mártires, Centro)




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