A inflação na Argentina ultrapassou a marca de 108% ao ano, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira, 12, pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). Em relação ao mês anterior, o aumento foi de 8,4%.
Trata-se do pior resultado dos últimos 20 anos. O número também ficou longe da expectativa do ministro da Economia, Sergio Massa. No ano passado, o ministro havia afirmado que a taxa de abril “começaria com um três na frente”.
O presidente da Argentina, Alberto Fernández, afirmou que a inflação no mês passado “não é aquela que queremos”. Esta foi a maior elevação mensal do indicador desde o início de seu mandato.
O resultado marca cinco meses consecutivos de avanço da inflação na Argentina, apesar dos programas de controle de preços no país. A projeção é que o indicador atinja 130% até o fim de 2023.
Em abril, os setores que registraram os maiores reajustes de preços foram vestuário e calçados (10,8%), em virtude de variações sazonais, além de alimentação e bebidas não alcoólicas (10,1%) e restaurantes e hotéis (9,9%).
Pelas estimativas do Banco Central da Argentina, o país deve somar 126,4% de inflação em 2023. A estimativa aparece no mais recente relatório da instituição sobre o assunto, publicado na sexta-feira 5.
O Fundo Monetário Internacional calcula 94,7% de aumento nos preços ao consumidor argentino em 2022. Ou seja: a projeção da autoridade monetária para inflação da Argentina mostra um cenário de piora em 2023.
A crise inflacionária que afeta a vida dos argentinos está entre as mais dramáticas do planeta. No ano passado, por exemplo, a elevação do custo de vida do país só não foi maior que a do Zimbábue e da Venezuela — a pior situação do planeta.
De acordo com o Banco Central, o aumento dos preços em maio ficará em 7,4%. Assim, em um único mês, a elevação do custo de vida argentino é maior que a variação de um ano todo no Brasil, onde o aumento acumulado ao longo de 2022 ficou em cerca 5,9%.