Trata-se do terceiro recuo consecutivo do indicador oficial de inflação do país. Analistas consultados pela agência Reuters, porém, projetavam uma queda mais forte, de 0,34%.
O IPCA havia caído 0,36% em agosto e 0,68% em julho. Uma sequência de três baixas não era verificada desde 1998.
No acumulado de 12 meses, o IPCA perdeu fôlego, mas segue em alta. O avanço foi de 7,17% até setembro, após 8,73% até agosto.
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, 4 tiveram queda em setembro, apontou o IBGE. Apesar de recuar menos do que em agosto (-3,37%), o segmento de transportes (-1,98%) contribuiu novamente com o impacto mais intenso para a deflação: -0,41 ponto percentual.
Comunicação (-2,08%) e alimentação e bebidas (-0,51%), ambos com -0,11 ponto percentual, vieram na sequência. O grupo artigos de residência também recuou (-0,13%).
Do lado das altas, destacam-se os grupos vestuário (1,77%), com a maior inflação do mês, e despesas pessoais (0,95%), com a principal contribuição positiva (0,10 ponto percentual).
GASOLINA VOLTA A PUXAR DEFLAÇÃO
Pressionado pela carestia no ano eleitoral, o governo Jair Bolsonaro (PL) apostou em cortes tributários para atenuar a inflação. Nesse sentido, o presidente sancionou em junho a lei que definiu teto para cobrança de ICMS (imposto estadual) sobre combustíveis, energia, transporte e telecomunicações.
Um dos reflexos foi a queda dos preços da gasolina, que voltou a recuar em setembro. O produto teve redução de 8,33% no mês passado. Assim, exerceu o impacto individual mais intenso para a deflação do IPCA (-0,42 ponto percentual).
"Os combustíveis e, principalmente, a gasolina têm um peso muito grande dentro do IPCA. Em julho, o efeito foi maior por conta da fixação da alíquota máxima de ICMS, mas, além disso, temos observado reduções no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras, o que tem contribuído para a continuidade da queda dos preços", disse Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IPCA.
Etanol (-12,43%), óleo diesel (-4,57%) e gás veicular (-0,23%) também recuaram. "O etanol, mesmo tendo um preço livre, acaba acompanhando a gasolina, pois é um produto substituto", apontou Kislanov.
ALIMENTOS TÊM ALÍVIO
O grupo alimentação e bebidas continuou em alta no início do segundo semestre e só agora dá sinais de alívio. A baixa desse segmento em setembro (-0,51%) é a maior desde maio de 2019 (-0,56%). O grupo não recuava desde novembro de 2021 (-0,04%).