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Economia

Mercado vai errar feio, diz ex-Ipea sobre crescimento do Brasil

Publicada em 09/09/22 às 05:35h - 159 visualizações

Poder360


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Mercado vai errar feio, diz ex-Ipea sobre crescimento do Brasil
 (Foto: Reprodução/Internet)

Segundo o economista Carlos von Doellinger, o mercado financeiro vai “errar feio” nas previsões sobre o crescimento brasileiro –algo que disse estar “bem encaminhado”.

O economista integrou a equipe de transição do governo Jair Bolsonaro (PL). Há 2 meses, deixou o comando do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) –órgão ligado ao Ministério da Economia–, mas ainda mantém contato com o ministro Paulo Guedes (Economia).

O ministro Paulo Guedes tem mostrado otimismo. Realmente, houve uma virada boa. As previsões para o ano que vem são de crescimento de 3% a 3,5%, com a inflação e a situação fiscal bem mais confortáveis”, disse em entrevista ao Correio Braziliense, publicada nesta 5ª feira (8.set.2022). “Claro que tudo isso é sempre sujeito a instabilidade”, continuou. “Mas, no momento, acho que está bem encaminhado.”

Questionado sobre a discrepância dessas previsões com as do mercado, que fala em crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2023 de 0,5% a 1%, von Doellinger respondeu: “Os analistas do mercado vão errar feio. O que, aliás, não é novidade, porque eles estão sempre olhando pelo retrovisor.” Segundo ele, os analistas “são sempre escravos de análises de regressões”.

Eles nunca conseguem identificar o ‘recovery’. Isso exige métodos estatísticos sofisticados que essa turma não conhece. Não é para amadores. Que eu saiba, são raros os que têm formação com doutorado em métodos quantitativos e análise econométrica.

O ex-Ipea disse não pretender afirmar que o Brasil “vai ser uma ilha de prosperidade no meio de uma recessão ou de uma desaceleração” mundial provocadas pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. No entanto, segundo ele, os números brasileiros estão “evoluindo muito bem”.

“O Brasil tem um setor agro muito robusto, que ajuda a economia. A indústria de transformação não é grande coisa, mas o PIB do agro está bombando e está puxando a economia e grande parte de serviços”, falou.

A relação dívida-PIB nunca esteve tão baixa quanto está agora. O que interessa é a relação dívida-PIB”, disse.

A arrecadação está crescendo. O quadro não é tão ruim e eu não sou nenhum ufanista. Já fui muito crítico e acho que, envelhecendo, estou mais leniente. Com a pandemia, a situação ficou horrorosa, mas houve uma recuperação impressionante.”

von Doellinger reconheceu que Guedes “está devendo” a concretização de algumas promessas do governo Bolsonaro para a economia. “Mas, a reforma da Previdência foi razoável”, falou. “administrativa está complicada. E a tributária, também.

O economista disse estar “mais preocupado” com reformas “para definir outro caminho para o Orçamento e as contas públicas”. Segundo ele, o teto de gastos é algo “meio irracional” feito para segurar as despesas.

O teto foi uma coisa meio emergencial, uma forma de dar um choque para segurar a despesa. E foi meio irracional, porque, na verdade, não se analisou a composição da despesa para fazer uma coisa mais bem estruturada”, afirmou.

“Vamos caminhar para um outro regime, mais racional do que simplesmente botar um teto e dizer ‘daqui não passa, se vira’. Meu palpite é que vamos evoluir para uma coisa mais flexível do lado tanto da receita como da despesa e com déficits mais gerenciáveis.”

ORÇAMENTO

O economista foi questionado sobre o Orçamento para 2023 enviado pelo governo ao Congresso –com previsões macroeconômicas otimistas, mas estimativa de deficit primário de mais de R$ 60 bilhões.

O governo estava no limite do prazo de apresentação do Orçamento. Mas isso já ocorreu várias vezes no passado. O governo apresenta o projeto e, depois, faz correções, com base na evolução da receita –aliás, a receita está em uma trajetória de crescimento bastante razoável. Isso certamente vai ser revisto. Sempre foi assim”, falou.

von Doellinger disse não achar correto as emendas do relator, chamadas de “orçamento secreto”. “Mas isso não é culpa do Paulo Guedes. Quem instituiu nisso foram os congressistas”, declarou.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO

O economista disse considerar o governo de Jair Bolsonaro como razoável.

Foi um período conturbado, porque teve pandemia, guerra, teve de tudo. Considerando todas essas mazelas, o desempenho foi bem razoável. Foi muito melhor do que a maioria esmagadora maioria dos países, inclusive da Europa, e até dos Estados Unidos”, declarou.




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