Se o PIB brasileiro de 2021 for de 4,7%, como indica a mediana das projeções do Boletim Focus divulgado nesta 2ª feira (6.dez.2021), o país terminará o ano com a economia num patamar 0,6% acima de 2019, ano anterior à pandemia.
O cálculo foi feito considerando a queda de 3,9% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2020 e a projeção de que ele cresça 4,7% neste ano.
A mesma conta mostra que outros 8 países devem fechar o ano com um PIB superior ao pré-pandemia. São eles Turquia, China, Coreia do Sul, EUA, Rússia, Índia, Indonésia e Austrália. Neste caso, o cálculo usa as projeções de crescimento do PIB em 2021 da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Os países do G20 cuja economia deve fechar em melhor patamar frente ao pré-pandemia são China e Turquia.
No caso da Turquia, a economia teve em 2020 (1,8%) crescimento superior ao de 2019 (0,9%). A projeção para 2021 é de um aumento de 9% no PIB. O país reduziu juros em meio à alta de inflação. Por um lado, isso teve o papel de estimular a economia. Por outro, houve uma desvalorização de 54% da libra frente ao dólar. Ou seja, embora o PIB de 2020 tenha crescido 1,8% se medido em moeda local, ele despencou quando se considera o valor em dólares. Passou de US$ 761,4 bilhões para US$ 720 bilhões.
Já o PIB da China desacelerou fortemente no ano passado. Cresceu 2,3% em 2020, menos da metade do verificado em 2019 (6%). Para 2021, a projeção é de alta de 8,1%, patamar não alcançado desde 2011, quando o indicador cresceu 9,5%.
Países com aumento de PIB superior ao brasileiro no 3º trimestre de 2021, como França (3% de crescimento) e Alemanha (1,8%), foram mais afetados que o Brasil durante a pandemia e têm um caminho mais longo para conseguir se recuperar. A França viu seu PIB afundar 8% em 2020. A Alemanha, 4,9%. O indicador do Brasil caiu menos: 3,9%.
Além desses países, Reino Unido, Japão, México, Canadá, Arábia Saudita, África do Sul e Itália não devem fechar 2021 com PIB superior ao que tiveram em 2019, antes da pandemia. A recuperação, para eles, deve acontecer apenas em 2022.
Entre os países do G20, a Argentina é aquele para o qual se projeta a pior recuperação da pandemia. Se as estimativas de crescimento da economia se confirmarem, a nação não deverá recuperar o patamar pré-pandemia nem em 2022.
A OCDE projeta que a Argentina terá alta de 8% no PIB neste ano e 2,5% em 2022. Esse crescimento, porém, será insuficiente para recuperar os 9,9% de queda da economia do país em 2020. Como a redução do PIB foi sobre um valor maior, se as projeções da OCDE se confirmarem, a Argentina deve ter em 2022 um PIB ainda 0,3% inferior ao de 2019.
Os dados trimestrais divulgados na 5ª feira (2.dez) mostram que o Brasil chegou a ter no 1º trimestre um volume de PIB superior ao dos últimos 3 meses de 2019 (os melhores daquele ano). O país voltou, no entanto, a ter PIBs trimestrais abaixo do patamar pré-pandemia no restante de 2021.
Inflação alta, juros crescentes e incertezas num ano eleitoral devem continuar segurando o potencial de crescimento do Brasil em 2022. Na 4ª feira (6.dez.2021), o Copom (Comitê de Política Monetária) decidirá a taxa básica, a Selic. O mercado aposta em juros de 9,25% ao ano.