Em entrevista ontem (19.12), ao lado do atual presidente do Banco Central (BC) Roberto de Oliveira Campos Neto, o atual diretor de Política Econômica e futuro presidente da instituição financeira Gabriel Muricca Galípolo deu uma declaração que contrariou as últimas afirmações de Lula, de todo o PT e do governo federal.
Segundo Galípolo, "Não é correto tratar o mercado como um bloco monolítico, como se fosse coordenada andando em um único sentido. Toda vez que há uma mobilização em torno de um ativo há vencedores e perdedores. Então falar que há um ataque especulativo coordenado não representa bem".
Após a entrevista em que o ex-banqueiro - sim, petistas anticapitalistas, Galípolo já foi banqueiro! - desmentiu o governo e seus asseclas, Lula disse que confia no seu indicado para gerir o BC. As colocações do indicado não geraram desconforto ao presidente perdulário.
Ora! Excetuando-se os lupetistas "iluminados", todas as pessoas que têm o mínimo de conhecimento de Economia sabem que não estão acontecendo ataques especulativos e que a desconfiança do mercado é legítima diante da dívida pública da União que só aumenta com o atual governo que é estatista nos gastos e capitalista nos privilégios. Até mesmo Lula sabe disso. Daí dar uma de João-sem-braço depois da fala de Galípolo.
Henrique Meirelles (UB), ex-banqueiro que foi presidente do BC no governo Lula - olh'aí outro banqueiro, petezada! -, ministro da Fazenda do Temmer (MDB) e candidato a presidente pelo MDB, também afirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que o aumento desenfreado do dólar não tem nada a ver com ataque especulativo. Segundo ele, "Não é um ataque especulativo. A questão não é essa. Se investidores internacionais e domésticos acreditam que o país não vai ter problema à frente, compram ativos brasileiros, entram mais dólares, e o câmbio cai. Neste momento, os investidores estão preocupados com a questão fiscal. É a dificuldade que o pacote de corte de gastos está enfrentando no Congresso, com risco de ser aprovado parcialmente ou nem ser aprovado".
Como demonstrado, um ex-banqueiro que foi e outro que será presidente do BC indicados por Lula desmentiram a farsa do discurso lulopetista sobre a escalada do dólar associada à especulação financeira. Mostraram que a real situação é oriunda da desconfiança dos investidores na capacidade e no propósito do governo federal e do próprio Lula de controlar a dívida pública e de aprovar o pacote fiscal que, na avaliação do mercado e de especialistas, é insuficiente diante dos gastos do governo de Lula e Janja Esabanja, a primeira-dama que gastou mais de R$ 30 milhões para fazer um discurso de combate à miséria. Quanto contrassenso!
Afinal, é como disse ontem (19.12) o governador do Paraná Ratinho Júnior (PSD) em entrevista ao Bastidores CNN: "Esse pacote, quando chega a um olhar de R$ 30 bilhões de corte, é economizar palito em banquete".
Enquanto isso, o eleitor pobre do PT espera picanha. Com um pouco mais de paciência, ela chega com a Heineken. E vão comendo, Lula e Janja!