O mercado formal de trabalho brasileiro está ainda mais desigual. A diferença salarial entre homens e mulheres cresceu pelo quarto mês consecutivo e chegou, em média, a 10%, em novembro de 2023. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que esse gap aumenta quando se fala em postos com ensino Superior Completo, grupo onde a diferença chega 29,3%. A média salarial das mulheres é de R$ 3.570 contra R$ 5.052 dos homens.
– Um dos fatores que pode explicar essa diferença é a baixa presença de mulheres em posições de prestígio, como postos de gerencia e diretoria. Assim como em setores altamente demandados atualmente como as áreas de ciência e tecnologia. Há no mercado formal uma diferença salarial persistente, que ainda é maior no mercado informal onde estimo que a diferença média de ganhos entre os gêneros seja de 27% – ressalta a economista Janaína Feijó, pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV Ibre.
Além do aumento da diferença de rendimentos entre gêneros, Janaína chama atenção para o fato que o saldo de empregos dos homens cresceu 118,3% quando se comparam os dados de novembro de 2023 a novembro de 2022. No mesmo período, o das mulheres caiu 14,8%.
A pesquisadora destaca que na composição de admitidos e desligados os homens correspondem a cerca de 60% das admissões/demissões e as mulheres a 40%.
– Isso mostra uma distorção já que pelo Censo as mulheres formam a maioria da população (51,5%). Era de se esperar que o mercado de trabalho mostrasse o reflexo dessa proporção.