Ontem (19.05), às 23 h 43 min, liguei para meu vizinho Wellington pedindo para que me levasse à UPA Limoeiro, pois estava com uma dor persistente e aguda na caixa torácica que pegava do peito esquerdo à metade do peito direito. Pensei: "Vou papocar", contrariando quando brinco dizendo que não tenho coração. Aí lembrei que a mãe do prefeito de Juazeiro do Norte/CE, Elizabeth I, A Bondosa, disse-me que tenho coração e Deus vai tocar nele para que eu não escreva mais nada "ruim" sobre ela. Mas Deus não se envolve em política suja.
Tinha ligado para amigos e conhecidos da área da Saúde que se prontificaram em me levar para a UPA, mas melhor seria não ocupar o tempo precioso dessas pessoas já que tenho um vizinho solícito.
Dei entrada na UPA Limoeiro aproximadamente meia-noite. À minha frente, três pessoas. Três pessoas acidentadas, dentre elas uma criança, chegaram depois e passaram à frente dos que já estávamos. Justíssimo. Mas só fui atendido uma hora e dez minutos depois. Se fosse um sintoma de ataque do miocárdio teria papocado.
Fui para a sala de classificação de risco onde fui atendido por uma servidora de uma simpatia só comparável a um coice de burra na parte mais sensível da zona erógena mais íntima. Em compensação, a Dra. Yngrid me foi de uma simpatia agradável. Receitou-me um medicamento a ser adquirido em farmácia e me encaminhou para ser furado e fazer exame cardiológico.
Fui medicado com duas injeções e, em seguida, fui para a sala de eletrocardiograma. O bicho só pegou na quinta tentativa e assim mesmo o ECG saiu com interferências. Parecia que o prefeito Glêdson Bezerra (PODE) e o responsável pelo IDAB falavam ao pé d'ouvido do aparelho: "Deixa esse doidim sem exame".
Uma vez com o ECG em mãos, levei-o à médica que disse que do coração, por enquanto, não morro. Como a dor ainda persistia depois de uns dez minutos das injeções, a médica me pediu para esperar mais meia hora.
Nesse ínterim, fui ao banheiro masculino da sala de espera. Ao puxar a descarga, um jorro d'água molhou parte dos meus sapatos e das minhas meias. Mera bobagem diante do que já estava acontecendo.
Enfim, cheguei em casa às 2 h 51 min desta sexta-feira (20.05) mais cansado que jumento escravizado que leva carrada de madeira de lei. Poucos minutos depois, caí no son(h)o. Acordei às 5 h 35 min com uma chamada de voz da minha neguinha.
São 8 h 40 e ainda não liguei para meu amigo e vizinho Wellington de quem roubei uma sua madrugada por absoluta minha precisão, já que Juazeiro do Norte padece com a falta de ambulâncias do SAMU. E não ligarei antes do meio-dia. Tenho medo de interromper seu sono e ele vir querer me matar pelo telefone.
Lembrando Belchior: "Ano passado morri, mas esse ano não morro".
E citando Clarice Lispector: "Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas...".
Vou fazer mais um pouquinho de raiva.
Cano que leva a água da caixa para o vaso sanitário está com problema. Piso do banheiro masculino da UPA alagado (Foto: Fábio Souza Tavares)
Meu ECG (Foto: Fábio Souza Tavares)