Na manhã de ontem (8), enquanto o governo Glêdson Bezerra iniciava uma audiência pública para debater a política de resíduos sólidos do Município, trabalhadores da MXM, que até ontem faziam a limpeza pública juazeirense, estavam na sede da empresa cobrando respostas sobre o fim do contrato com a Prefeitura.
Ao ouvirem como resposta que não houvera, até aquele momento, notificação por parte do governo municipal sobre o fim do contrato, foram à Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos onde escutaram do Secretário a substituição da MXM pela Revert Pró Ambiental.
Diante dessa situação, Juazeiro do Norte/CE passou a quinta-feira (8) sem serviços de limpeza pública e o lixo às portas de todas as residências.
Desemprego
Perguntado sobre a situação dos 480 trabalhadores da MXM, o Secretário disse que a empresa contratada pediria os currículos de cada um. Ora, ora! A empresa contratada, segundo o próprio Secretário, inicia o trabalho hoje (9), sexta-feira, e para começar já tem seu pessoal contratado.
De uma vez só, o prefeito Glêdson Bezerra, através de seu Secretário Diogo Machado, rompeu com a tradição atual de aproveitamento da mão de obra da empresa que sai em favor da que entra para realizar os serviços de limpeza pública - evitando desemprego e, ao mesmo tempo, aproveitando a experiência da força de trabalho - e desempregou centenas de pais e mães de famílias.
A partir de ontem, são mais 480 desempregados em Juazeiro do Norte que fazem parte daqueles que, em campanha eleitoral, Glêdson Bezerra abraçou e sorridentemente disse defendê-los ao chegar à Prefeitura. Para esses trabalhadores da limpeza pública, o tiro saiu pela culatra.
Dúvidas e incertezas
Em janeiro, em uma entrevista que fizemos, eu e João Paulo, no programa É Duro de Deixar Roubar, com Glêdson Bezerra, perguntei sobre as licitações da Saúde (Hospital Maternidade São Lucas e UPA Limoeiro) e da limpeza pública, ocasião onde o prefeito afirmou - e está gravado - que faria licitação nos dois casos. Queimou a língua duas vezes, pois contratou o IDAB, sem licitação, para a Saúde - e continua com esse instituto até hoje, mesmo sabendo que desvia milhões da Saúde do povo juazeirense - e a Revert também sem processo licitatório.
Em março, o governo municipal tinha lançado um edital de convocação para a licitação da limpeza pública, mas o Tribunal de Contas do Estado (TCE) o julgou ilegal por constar uma cláusula proibindo a participação de consórcios. Ora, a quem essa cláusula beneficiaria? Seria um indício de direcionamento licitatório? Isso reforçou a crença de que Glêdson Bezerra teria com o empresário Gilmar Bender - principal financiador de sua campanha, inclusive com caixa 2 - um acerto de contas que seria pago com a "cessão" da limpeza pública para recompensar o investimento eleitoral. Outra evidência desse acordo, segundo os que assim acreditam, foi a nomeação do genro de Gilmar Bender, o Secretário Diogo Machado, para a pasta responsável pela... limpeza pública. (!!!)
Agora em julho, Glêdson Bezerra anunciou a nova empresa para a limpeza pública no dia 3, através de um contrato emergencial, antes mesmo da Comissão de Licitação do Município elaborar o documento de dispensa de licitação. Pode se comer o churrasco antes da morte do boi?
A empresa Revert começa hoje (9) a sua prestação de serviços ao Município. Mas ontem mesmo o TCE, através de seu presidente José Valdomiro Távora de Castro Júnior, emitiu comunicado sobre a ilegalidade do contrato emergencial notificando o prefeito e o Secretário da pasta a explicarem, com documentos, porque não fizeram a licitação.
Enquanto isso, a população juazeirense pergunta: O que será da limpeza pública do Município? A situação está melada e existem, sim, indícios de sujeira.