José Maria Trindade, jornalista da Jovem Pan, ao comentar ontem (25.09) à noite a possibilidade da cobrança retroativa do imposto sindical que está sendo motivada pela aprovação do referido imposto pelo STF, disse que o sindicato tem que ser autossustentável e lutar pelo interesse do trabalho.
Essa importante afirmação seria universalmente óbvia se não tivéssemos uma esquerda - que é detentora da maior fatia do sindicalismo brasileiro - tão parasitária e aparelhista. O sindicalismo, no Brasil, em sua expressão majoritária, vive mais de benesses e apoio estatal do que do seu próprio esforço em construir condições de autonomia e livre estabilidade.
José Maria, o Zé, afirmou que os grandes sindicatos - evidentemente que não os ligados à esquerda - não queriam o retorno do imposto sindical. Também disse que todos os sindicatos deveriam defender o trabalho e não questões corporativas que se contrapõem à lógica produtiva e social do trabalho. O jornalista também defendeu que esse instrumento de luta não deva ser uma entidade meramente assistencialista.
Conheço bem os vícios corporativos dos sindicatos e sua forma de defender o que não se coaduna com a verdadeira essência do trabalho, principalmente no serviço público onde as entidades sindicais mantêm um grande peso.
Se um sindicato realmente representa a classe trabalhadora, pode manter-se e pode gerir sua existência sustentado pelo conjunto dos seus filiados sem a necessidade da transferência obrigatória, mediante ação do Estado, de dias de trabalho de toda a classe trabalhadora que, em sua grande maioria, não está filiada a nenhum sindicato.
Já pensou se as igrejas deixassem de se manter pela contribuição dos fieis e passassem a existir mediante um imposto obrigatório colocado sobre as costas do conjunto da população brasileira? Algum sindicalista pode dizer que essa minha analogia é sem sentido. Acontece que um gato nunca reclama quando alguém lhe dá um peixe fresco.