Na noite de quinta-feira (18), entre 19h e 21h, Santa Catarina registrou neve em quatro cidades da Serra Catarinense: São Joaquim, Urupema, Urubici e Bom Jardim da Serra.
As duas últimas marcaram as temperaturas mais baixas do ano: -6,4°C em Bom Jardim e -6,1°C em Uribici. Em todo estado, foram 24 cidades com temperaturas abaixo de 0°C.
A sensação térmica, porém, foi de -17°C, em média, nesses lugares. Em Urupema, chegou a -25°C, segundo o Epagri/Ciram (Centro de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina).
O fenômeno foi causado por uma frente fria associada a uma forte massa de ar polar, como explica a meteorologista Gilsania Cruz.
Ela diz que a previsão é de que, mesmo com sol no fim de semana, as temperaturas voltem a zerar nas próximas madrugadas, ocasionando frio intenso de -2°C até -7°C. Com isso, geadas podem ocorrer na maior parte do estado.
Na noite de quinta, também caiu neve pela primeira vez neste inverno em São Joaquim, na serra de Santa Catarina. Em Bom Jardim da Serra houve chuva congelada, também na noite de quinta.
A neve, no entanto, não deve voltar a ser vista nos próximos dias no estado "pois é preciso frio e umidade para a ocorrência do fenômeno, que ficou restrito às regiões da serra e na noite de quinta-feira", diz Cruz.
A previsão do Epagri/Ciram para o fim de semana em Santa Catarina é de muito sol, mas também muito frio. Geadas são esperadas em grande parte do estado, com temperaturas mínimas próximas a 0°C. Durante a na madrugada e o amanhecer, elas podem, novamente, ficar negativas, entre -2°C e -7°C.
Com a massa de ar frio, as temperaturas despencaram em todo o Brasil, especialmente no Sul e no Sudeste.
Neve e chuva congelada Nas quatro cidades onde houve neve em Santa Catarina, caiu também a chuva congelada. O meteorologista Clovis Correa, do Epagri/Ciram, explica a diferença entre elas.
A neve aparece na roupa, mas não chega a ficar armazenada nela. São gotículas que caem já congeladas, "em flocos tão pequenos que chegam a flutuar".
Já a chuva congelada desce em gotículas líquidas, que se congelam somente quando chegam na superfície. "Vem como gotícula e vira gelo ao bater no solo. É diferente da neve, que já cai congelada."
A intensidade da neve, lembra o meteorologista, é medida pela profundidade que acumula no solo. Com até dez centímetros é considerada moderada. Mais que isso, é forte. No Brasil, ela geralmente é leve. "Pode não acumular, só ficar em tecidos ou grama, e não tem como medir, pois é muito espaçada."
Temperaturas baixas e ventos muito fortes podem, ainda, formar a chamada geada negra. "O frio congela a água dentro das plantas e a expande, podendo matá-la", diz Correa.
Esta é a segunda vez no ano que a neve cai em Santa Catarina. Em maio, moradores ficaram animados com previsão e lotaram pousadas e hotéis com turistas de todas as regiões do Brasil.
Há dois meses, a sensação térmica chegou a -16°C em Urupema e a -15°C em São Joaquim, no início da tarde, quando a neve também foi registrada em Lages, com sensação térmica de -4°C.
Nesta quinta-feira e na madrugada desta sexta (19), também houve registro de chuva congelada em várias cidades gaúchas, desde a fronteira com o Uruguai até a região serrana do estado.
De acordo com o serviço MetSul Meteorologia, o fenômeno ocorreu na tarde da quinta em Santana do Livramento, Aceguá e Piratini.
Em Santana do Livramento e Santa Vitória do Palmar, além da chuva congelada, houve outro fenômeno, chamado de graupel. Também conhecido como "pelotas de neve", ele consiste na precipitação de aglomerados de cristais de neve cobertos por gelo.
Na serra gaúcha, nos municípios de São José dos Ausentes, Cambará do Sul e São Francisco de Paula a chuva congelada também se fez presente, além das baixas temperaturas.
Hotéis cheios O turismo voltado ao frio se beneficia com a queda na temperatura. A previsão em Gramado, na serra gaúcha, é de 100% de ocupação em hotéis, por causa do frio e também pelo Festival Internacional de Gramado, tradicional evento do cinema nacional.
''Até o momento com 90% de ocupação e a expectativa é boa. Temos turistas vindos de toda a parte do Brasil, mas a maioria vem do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná'', disse o presidente do Sindicato da Hotelaria, Restaurantes, Bares, Parques, Museus e Similares da Região das Hortênsias, Claudio Souza.
Os turistas que visitam as cidades de Gramado, Canela, Nova Petrópolis e São Francisco de Paula ficam hospedados na rede hoteleira entre quatro e seis dias, em média.