Acusado de homofobia pelo ex-jogador de futebol e comentarista esportivo Walter Casagrande e pelo apresentador da TV Globo Felipe Andreoli, Maurício Souza, campeão olímpico de vôlei pela seleção brasileira, decidiu recorrer à Justiça e processar os dois profissionais. Ele também acionará a emissora nos tribunais, segundo informações publicadas pelo site Notícias da TV.
O atleta entrou na linha de tiro da militância digital depois de publicar na internet sua opinião sobre a nova série de quadrinhos do novo Super-Homem, na qual Jon Kent — filho de Clark Kent e Lois Lane — é bissexual. A pressão foi tanta nas redes sociais que os patrocinadores do Minas Tênis Clube, time de Maurício, exigiram a demissão do jogador. Ele teve o contrato rescindido na quarta-feira 27.
O advogado do jogador, Newton Dias, afirmou que a ação deve ser protocolada na Justiça nos próximos dias. “No meu entendimento, o dano causado à imagem do Maurício já é irreversível”, afirmou. “No caso do Maurício, o que ele fez foi uma reflexão. Não existe nenhum discurso de ódio que inferiorize orientação sexual, nada disso. O que existiu foi uma reação de pessoas que estão imputando a ele o crime de homofobia.”
De acordo com Dias, Casagrande, Andreoli e a TV Globo devem ser processados por danos morais, calúnia, injúria e difamação. A defesa de Maurício também iniciou um levantamento sobre as ofensas dirigidas ao jogador por meio das redes sociais — elas serão anexadas ao processo e seus autores podem ser interpelados judicialmente.
“Todas as pessoas que seguiram o tom de Casagrande e Andreoli possivelmente vão ser interpostas com ações também. No crime de calúnia, injúria e difamação, inverte-se o ônus da prova. Então, eles têm de provar que ele é homofóbico”, explicou o advogado. “Todos que cravaram, com essa palavra, que ele foi homofóbico vão responder judicialmente.”
Ao comentar o episódio envolvendo Maurício durante um programa do canal de TV paga SporTV, Casagrande chamou o agora ex-jogador do Minas Tênis Clube de “mau-caráter”, “preconceituoso” e “homofóbico”. “É crime. É covardia. E é mau-caratismo. Principalmente e especificamente o Maurício Souza. E eu estou falando com propriedade, porque ele foi mau-caráter comigo. Então, para mim, ele é mau-caráter”, disse o comentarista. “Esse cara, Maurício Souza, é um homofóbico, preconceituoso, possivelmente racista, covarde e mau-caráter.”
O apresentador Felipe Andreoli, do programa Globo Esporte, por sua vez afirmou que Maurício teve uma “atitude covarde” e o acusou de ter cometido um crime. “Homofobia não é opinião, cara, é crime. Mata. Você fez essa ofensa nas suas redes sociais em que você tem 300 mil seguidores. Depois foi pedir desculpas numa rede em que você tem 50?! Atitude covarde, né?”, disse. “Outra coisa: essa questão não é política. Você não foi demitido do Minas porque você é conservador, de direita ou religioso. Nem por causa da lacração na internet. Você foi demitido porque você foi homofóbico e, pelo jeito, não se arrependeu. Homofobia é crime. Não se respeita.”