Ontem a CPI da Covid aprovou o relatório final de 1.288 páginas, depois de sofrer inúmeras modificações, indiciando o presidente Bolsonaro pelo agravamento da pandemia no País. E não poderia ser diferente com a composição da Comissão sendo majoritariamente formada por corruptos, a começar pelo presidente Omar Aziz (PSD/AM) - também chefe de prostituição infantil -, pelo relator Renan Calheiros (MDB/AL) - conhecido pela Polícia Federal (PF) como Renangate - e pelo espalhafatoso secretário Randolfe Rodrigues (Rede/AP) - comedor de propina do Mensalão do Amapá.
O relatório da CPI da Vergonha - como também ficou conhecido o circo demagógico que gastou milhões da Nação para produzir denúncias vazias meramente assentadas em narrativas ideológicas - foi aprovado por 7 a 4. Dos que o aprovaram, somente o senador cearense Tarso Jereissati (PSDB/CE) não tem seu nome envolvido em esquemas de corrupção. Dos que não aprovaram, NENHUM tem nome envolvido em esquemas de corrupção. A diferença é bem clara. Ou precisa de mais explicação?
Mesmo sendo indiciado, Bolsonaro foi vitorioso, pois a intenção do relator seria indiciá-lo por genocida de índios e homicida qualificado. Ademais, ficou provada a honestidade do governo Bolsonaro ao não ser encontrado sequer um ato de corrupção de integrantes do governo no tratamento à pandemia. A única narrativa que tinha nesse sentido, a mentira dos irmãos Miranda, caiu por terra quando a Polícia Federal solicitou o celular para ver a mensagem que supostamente comprovaria a mensagem enviada para o presidente falando do esquema de corrupção na negociação da Covaxin. A oposição se deu mal, pois a mensagem nunca existiu.
Mas a noite, politicamente, estava apenas começando.
Mensagem de Donald Trump
(Foto: Reprodução)
Logo após a votação do relatório final da CPI da Covid, coincidentemente ou não, o ex-presidente republicano Donald Trump publicou uma mensagem de apoio ao presidente Bolsonaro intitulada "Endosso a Jair Bolsonaro":
"O presidente Jair Bolsonaro e eu nos tornamos grandes amigos ao longo dos últimos anos. Ele luta duro, e ama o povo do Brasil, assim como eu faço pelo povo dos Estados Unidos. O Brasil tem a sorte de ter um homem como Jair Bolsonaro trabalhando por ele. Ele é um grande Presidente e nunca vai decepcionar as pessoas do seu país!"
A mensagem parecia um prenúncio do que aconteceu logo mais na votação da cassação da chapa Jair Messias Bolsonaro/General Mourão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A surpresa de Salomão
O ministro Luís Felipe Salomão (indicado pelo ex-presidente Lula) relator do pedido de cassação da chapa Jair Messias Bolsonaro e Hamilton Mourão por abuso de poder econômico impetrado pela coligação perdedora O Povo Feliz de Novo (PT, PCdoB, PROS) através de duas Ações de Investigação Judicial (AIJEs), disse um dia antes (25) que o julgamento traria uma surpresa. E trouxe.
Conhecido por suas alfinetadas no presidente Bolsonaro, o relator começou por afirmar que as "Evidências saltam aos olhos quando analisadas as provas como um todo, em sua integralidade. O conjunto probatório das duas ações, do meu modo de ver, não deixa margem para dúvidas no sentido de que a campanha dos vencedores das eleições assumiu caráter preponderantemente nos meios digitais mediante utilização indevida, dentre outros, do app de mensagens WhatsApp para promover disparos em massa em benefício de suas candidaturas".
O ministro citou trechos dos depoimentos dos desgastados deputados federias Alexandre Frota (PSDB/RJ) e Joice Hasselman (PSL/SP) dizendo que existiram disparos em massa, nas redes sociais, de mensagens políticas com conteúdo falso para beneficiar a chapa vitoriosa. Tudo parecia se encaminhar para um relatório de cassação da chapa. Então veio a surpresa. O relator Luís Felipe Salomão concluiu pela absolvição da chapa, pois embora comprovada a utilização massiva da propaganda bolsonarista nas mídias sociais não teve nehuma prova documental que mostrasse o pagamento a empresas para a realização do impulsionamento de mensagens eleitorais. Portanto, nenhuma prova de abuso de poder econômico.
O ministro Mauro Campbell, um dos que seguiram o relatório e votaram contra a cassação, assim definiu a situação: " Não temos, nestes autos, elementos jurídicos para definir que os bens jurídicos tutelados pela norma tenham sido feridos. Temos, nesta ação, a análise do pleito mais conturbado da história recente da República".
Além de Salomão e Campbell, votou contra a cassação o ministro Sérgio Silveira Banhos. A sessão foi suspensa e continuará amanhã (28). Ainda faltam votar os ministros Luís Roberto Barroso (presidente), Luiz Edson Fachin (vice-presidente), Alexandre de Moraes - estes três declaradamente inimigos de Bolsonaro - e Carlos Bastide Horbach que foi nomeado para o TSE em 11 de maio deste ano pelo presidente da República. Portanto, se o nomeado não trair seu nomeador, podemos contar como assegurada a vitória de Bolsonaro e Mourão no TSE.
Salomão se aposentará do TSE daqui a dois dias, na sexta-feira (29). Poderá fazê-lo tranquilo, pois mesmo tendo sido nomeado por Lula e ser oposição ao governo Bolsonaro julgou duas ações encaminhadas pela coligação de Fernando Haddad (PT) sem ativismo ideológico e em consonância com a realidade dos acontecimentos. Cumpriu rigorosamente o rito democrático ao separar sua posição política de seu julgamento de magistrado.
Quanto a Bolsonaro, seria a maior injustiça da história política brasileira a cassação de sua chapa que fez a campanha presidencial mais barata de toda a História do Brasil e alcançou 57,79 milhões de votos, o equivalente a 55,13% dos votos válidos.