Em 2016, Alexandre Romano, ex-vereador petista, revelou, em delação premiada, que Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann recebiam propina de um esquema de corrupção montado com as empresas de Francisco Maximiniano. O ex-vereador tinha contratos superfaturados com o ministério do Planejamento. Parte dos lucros eram repassados ao então ministro e à sua esposa. A Polícia Federal concluiu que Gleisi, Paulo Bernardo e outros membros da quadrilha receberam 7 milhões de reais.
A Consist administrava empréstimos consignados a servidores públicos. A Global, de Maximiniano, geria a distribuição de vales-medicamento nos Correios. “Aqui, mais uma vez, há similaridade com o que se viu no casos Consist: da mesma forma como a adesão dos bancos era voluntária, no caso, a adesão ao vale medicamento era também voluntária, ao menos quando o esquema foi inicialmente engendrado”.
Há mais coincidências: o advogado do casal Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo também atuou para Francisco Maximiano. “O escritório Guilherme Gonçalves veio a ser contratado por Maximiano para emitir um parecer sobre a dispensabilidade de licitação”, diz o MPF. “Assim como no caso Consist, Guilherme Gonçalves emitiu um parecer justificando a contratação direta da empresa Global Gestão em Saúde pela Fentect, sem a necessária licitação”.
Fentect é a Federação nacional dos Trabalhadores das Empresas de Correios e Telégrafos. Seu presidente, José Rivaldo da Silva, também foi denunciado por envolvimento com o esquema da Global Gestão em Saúde nos Correios. Segundo o MPF, o modelo era o seguinte: haveria inicialmente um convênio entre a Fentect e os Correios e, paralelamente, um contrato entre a Fentect e a Global Gestão em Saúde. Esquema igualzinho ao da Consist. Até os valores movimentados pelos dois esquemas são semelhantes. Entre 2009 e 2015, o esquema desviou mais de 100 milhões no Planejamento. Entre 2014 e 2016, a Postal Saúde pagou à Global de Maximiano 107 milhões de reais.
A empresa Global de Maximiano foi alvo de busca esta semana em nova operação da Polícia Federal, que investiga corrupção em outro contrato, com a Petrobras, para gerenciamento do fornecimento e distribuição de medicamentos aos funcionários. A Global também é ré em processo na Justiça Federal de Brasília por receber 19 milhões de reais do Ministério da Saúde e não entregar os remédios. A Precisa Medicamentos, a outra empresa do grupo, teve contrato de 1,6 bilhão de reais cancelado pelo Ministério da Saúde, para entrega de vacinas, e é investigada em fraude da licitação da Secretaria de Saúde do DF para entrega de testes de Covid-19.