O Brasil é o único país do mundo onde um ministro de Estado tem o sigilo celular quebrado enquanto um criminoso que tentou matar o Presidente da República tem o seu sigilo assegurado. E que também tem um corrupto com um vasto lastro de pedofilia e prostituição infantil sendo presidente de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Alta do Poder Legislativo nacional.
Nesta quarta-feira, o senador Omar Aziz (PSD/AM), presidente da CPI da Covid-19, atacou as Forças Armadas ao mencionar corrupção no "lado podre" das FFAA dentro do governo federal. Isso porque o depoente Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, foi acusado de cobrar propina de US$ 1 por dose do imunizante Covaxin em uma operação que não foi realizada.
Roberto Dias é sargento da reserva da Aeronáutica, motivo pelo qual Aziz entendeu ser possível estender a acusação de corrupção sobre ele a uma ampla parcela das nossas FFAA. O senador só esqueceu que Roberto Dias foi nomeado para o cargo no Ministério da Saúde na gestão de Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS), o ortopedista que quando ministro da Saúde orientou todo o povo brasileiro a só procurar os hospitais quando os sintomas estivessem agravados e que passava o dia todo fazendo marketing eleitoral em frente às câmeras televisivas com a desculpa de que estava informando à população como combater a pandemia. Na CPI da Covid-19, Mandetta foi tratado como rei. Já seu súdito Roberto Dias, foi tratado como criminoso e preso por determinação do próprio Omar Aziz por mentir no dpoimento. Mandetta, é claro, partiu em defesa do seu ex-diretor. Ao final da noite de ontem, Roberto Dias foi solto ao pagar uma fiança de R$ 1.100,00.
A acusação leviana do presidente da CPI contra as Forças Armadas (FFAA) gerou rapidamente uma nota de repúdio assinada pelo General Walter Souza Braga Netto, pelo Almirante de Esquadra Almir Garnier Santos, pelo General Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e pelo Tenente-Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, respectivamente ministro da Defesa e comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica (veja a nota na íntegra, abaixo), onde oficialmente afirmam que a declaração do senador "atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável".
Após a nota oficial, Omar Aziz respondeu: "Podem fazer 50 notas contra mim, só não me intimidem". E cobrou do presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM/MG) uma postura da Casa diante da manifestação dos oficiais das FFAA.
Essa CPI é um teatro, encabeçada por políticos da pior qualidade.