“O médico pediu para ele continuar no hospital e foi necessário colocar sonda. No fim da tarde, ele fechou os olhos e Deus levou. Não li os documentos, acho que foi a idade”, contou Ronaldo Ferreira, um dos filhos.
Apesar de sua longevidade, Zé Pequeno não possuía doenças crônicas e tomava apenas remédios para a pressão. Segundo Ronaldo, seu pai tinha hábitos simples, evitava comida requentada e alimentos industrializados. Nos últimos anos, passou a gostar de picolé e pipoca, que serviam como uma espécie de fisioterapia para manter suas mãos em movimento.
Testemunha viva de momentos marcantes da história, Zé Pequeno nasceu um ano antes do exuense Luiz Gonzaga e atravessou períodos como o início da República, golpes militares e as grandes guerras mundiais. Sempre interessado nos acontecimentos, gostava de ouvir rádio, mas não apreciava televisão, dizendo que “não era coisa de Deus”.
Católico devoto de Padre Cícero, Zé Pequeno rezava dois terços por dia e mantinha viva a tradição das Festas de Renovação, celebrações religiosas marcadas por rezas e confraternização. Seu aniversário, em 3 de janeiro, coincidia com o Dia do Sagrado Coração de Jesus, e ele sempre fazia questão de celebrar com amigos e familiares.
Mesmo após sua partida, suas memórias seguem vivas. Ronaldo ainda se refere ao pai no presente e mantém na geladeira o vinho que ele gostava de beber. “Ele era muito grato. Se alguém fizesse algo de bom para ele, podia até errar depois, que ele continuava grato. Só via o lado bom das coisas”, emociona-se o filho.
Com a porta de casa sempre aberta, Zé Pequeno recebia visitas constantes de amigos e admiradores. Para os que o conheceram, ele deixa um legado de simplicidade, gratidão e amor pela vida.