Depois de muito tempo sem ir à Universidade Regional do Cariri (URCA), lá entrei. Isso antes da pandemia. E fiquei surpreso ao ver a pintura de um pênis derramando esperma na boca de um homem jovem. Veio-me na hora a pergunta: "Isso é o que chamam de democracia?" Essa e outras pinturas, que ficavam no pátio central, foram apagadas.
Há pouco tempo, também na URCA, um professor fez uma performance nu em um auditório aberto.
Universidade exprime a concepção de universo, ou seja, totalidade, o todo, assim como obscenidade exprime o concepção do sexo despudorado. E a mim, o sexo é despudorado quando se erige enquanto violência, quando sem consentimento fere outra(s) pessoa(s).
Se a universidade é um universo, um todo, faz-se mister compreender que dentro dela existem pessoas que pensam e agem distintamente umas das outras. Querer obscenizar publicamente a leitura circunscrita de um grupo sobre a sexualidade humana é castrar a liberdade de outros que não são obrigados a conviver com ações que agridem frontalmente sua maneira de ser.
Estamos presenciando um aumento absurdo de performances obscenas nos espaços públicos da Educação. Até mesmo o Ministério da Educação, com inveja do Ministério da Saúde, virou lugar-comum no campo da pornografia enquanto elemento de (de)formação do conhecimento.
Diante dessa situação, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), o mais votado do Brasil e que atualmente preside a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, propôs um Projeto de Lei (PL 4216/2024) que dispõe sobre a pena de detenção de 2 a 5 anos para quem praticar, promover, facilitar ou participar de atos ou performances obscenas em escolas ou universidades públicas.
"Este Projeto de Lei tem como objetivo proteger o ambiente educacional, especialmente em escolas e universidades públicas, de práticas que possam comprometer a moralidade e os valores sociais adequados à formação de crianças, jovens e adultos", diz a justificativa.
Não se trata de falso moralismo. O verdadeiro reacionarismo está na conduta de uma minoria que quer determinar nos espaços institucionais de ensino o que é conveniente ou não. Sexualidade sim, sexualismo ativista!
Sexo se faz entre 4 paredes ou em salões e clubes direcionados para essas atividades. Até mesmo em um rendez-vous de luz vermelha o ato sexual acontece em um quarto. Nudez se faz em praias e campos de nudismo. Exposição sexualista se faz em espaços culturais apropriados. Querer impor um falo, uma cona ou um orifício libidinoso publicamente é um ato de violência.