A recente declaração do governador vitorioso Tarcísio de Freitas (Republicanos) de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) teria orientado o voto em Guilherme Boulos (PSOL) na eleição da capital paulista trouxe à tona uma velha discussão: Qual a relação entre as facções narcotraficantes e a esquerda brasileira?
O Estadão e a IstoÉ divulgaram cartas atribuídas ao PCC onde mostram não só pedidos de voto para Boulos em São Paulo, mas também pedindo voto contra a candidata a prefeita do PL em Santos, a bolsonarista Rosane Valle.
A esquerda tenta negar que exista alguma relação de proximidade entre ela e o narcotráfico, mas, ao longo das décadas, existem evidências da ligação entre as duas forças.
Em primeiro lugar, é preciso lembrar que a primeira facção, o Comando Vermelho (CV), nasceu no dia 17 de setembro de 1979, no Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, Rio de Janeiro, a partir da relação entre militantes da esquerda e presos comuns. Essa organização criminosa se desenvolveu com fortes laços com a guerrilha terrorista de esquerda Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) apoiada pelo PT e Lula.
Ano passado, a chamada “dama do tráfico” Luciene Barbosa de Farias, esposa do chefe do CV em Manaus, o traficante Tio Patinhas, protagonizou um escândalo internacional ao se reunir com dois ministérios do governo Lula, o da Justiça e o de Direitos Humanos, bem como se reunir e tirar fotos abraçadas com o deputado federal Boulos que foi derrotado no último domingo (27.10).
Em junho de 2022, o Departamento Estadual de Investigações sobre o Narcotráfico (DENARC) de São Paulo pediu o sequestro dos bens do contador João Muniz Leite por lavagem de dinheiro do crime organizado. João Muniz foi contador de Lula de 2013 a 2016 e tem seu escritório localizado na Rua Cunha Gago, em Pinheiros, distrito de São Paulo, no mesmo prédio onde Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, sedia suas empresas FFK Participações, BR4 Participações e G4 Entretenimento.
Em 6 de novembro do mesmo ano, a Veja publicou uma matéria mostrando que o PCC apoiava a candidatura a deputada federal da petista Fabiana Soler, ex-vereadora de Potim/SP e casada com Evandro Andrade da Silva que está no presídio de Presidente Venceslau, interior de São Paulo, condenado a 48 anos de prisão por roubo, porte ilegal de arma, homicídio, receptação, cárcere privado e tráfico de drogas. O PT e a candidata não questionaram a reportagem.
Também em 2022, no auge da campanha do primeiro turno, a facção Massa TDN (Tudo Neutro) de Caucaia, no Ceará, publicou em sua página do YouTube um funk fazendo homenagem explícita à criminalidade e apresentando uma imagem do então candidato a presidente Lula fazendo um L ao lado de um desenho de uma mão também fazendo o L.
Não devemos esquecer que no início do governo Bolsonaro uma interceptação telefônica flagrou o tesoureiro do PCC Elias Maluco dizendo que tinha saudade do PT porque entre eles havia uma conversa “cabulosa”. Como também não deve ser esquecido o assassinato de Celso Daniel, ex-prefeito do PT em Santo André, onde foram assassinadas sete testemunhas. À época, o caso foi ligado a uma ação do PCC e o assassinato atribuído ao próprio Lula.
Não considero coincidência o fato de quatro em cada cinco presidiários terem votado em Lula no último pleito presidencial, bem como o fato de narcotraficantes e ladrões postarem vídeos nas redes sociais defendendo Lula. Assim como não é coincidência o fato da esquerda protagonizar passeatas em favor da legalização das drogas, defender a desmilitarização da polícia e tratar bandido como vítima da sociedade e policial como criminoso. Como disse Lula, Bolsonaro não gosta de gente, só de polícia.
Não me surpreende a afirmação de Tarcísio de Freitas que disse explicitamente que o PCC chamou voto em Boulos. O governador paulista é bastante responsável em suas ações, fala embasado em documentação e enfrenta as facções narcotraficantes com a mão firme que a população exige.
Dizer que a esquerda não tem nenhuma ligação com as facções organizadas é esquecer que elas nasceram a partir da Falange Vermelha, denominada posteriormente de Comando Vermelho, com orientação e participação de presos políticos da esquerda brasileira.