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Como é a pesquisa desenvolvida no Ceará que avalia uso do canabidiol para tratamento de autismo?

Estudo vai avaliar eficácia da substância que alguns pacientes cearenses já utilizam, embora não haja evidências suficientes sobre dose correta.

Publicada em 13/07/24 às 07:04h - 57 visualizações

Nícolas Paulino, DN


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Como é a pesquisa desenvolvida no Ceará que avalia uso do canabidiol para tratamento de autismo?
Canabidiol é utilizado principalmente em óleo extraído da planta  (Foto: Oliver King/Pexels)
A efetividade do canabidiol (CBD) - uma das centenas de substâncias existentes na folha da Cannabis sativa, a planta da maconha - no tratamento de crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) será alvo de um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Ceará (Uece).

A proposta de pesquisa foi selecionada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e contará com financiamento da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde, do Ministério da Saúde (MS). A análise será focada no CBD, que difere do THC - outra substância psicoativa capaz de gerar euforia e alucinações.

Segundo o coordenador da pesquisa e professor do Instituto de Ciências Biomédicas da Uece, Gislei Frota, a iniciativa considera o aumento de diagnósticos de TEA no mundo e o aumento na procura por tratamentos alternativos por parte de pais, cuidadores e profissionais de saúde, já que muitos quadros são acompanhados por irritabilidade, agressividade e até convulsões.

Além disso, a equipe viu necessidade de buscar uma análise imparcial e baseada em evidências sobre a segurança do CBD no tratamento. A pesquisa deve realizar uma revisão minuciosa e sistemática de estudos relevantes realizados pelo mundo e a avaliação de seus resultados.

“As pessoas usam os derivados da Cannabis de forma muito diversa. Às vezes, pegam o próprio CBD misturado com THC porque a extração não consegue separar, especialmente essas mais caseiras. Se a pessoa não tem dinheiro, ela mesma produz ou consegue com uma cooperativa, geralmente com as duas substâncias misturadas no óleo”, aponta.

O estudo, afirma Gislei, deve preencher as lacunas que a própria população busca, por vezes em fontes não confiáveis, como influenciadores na internet ou relatos baseados num uso pessoal. “Elas podem fazer daquilo uma generalização, o que pode ser um grande equívoco”, explica.

33.287 carteiras de identidade (RGs) com o símbolo que representa o TEA foram emitidas pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), de julho de 2019 a janeiro deste ano.
RESULTADO BENEFICIA O SUS
O pesquisador pondera que, diante da falta de evidências robustas, até mesmo médicos podem prescrever a substância “meio que às cegas”.

“Hoje, cada um prescreve concentração e dose do seu jeito. O estudo vai nortear os próprios médicos porque um dos objetivos é subsidiar informações para que o Governo possa adotar políticas públicas baseadas em evidências sobre o uso da Cannabis”

Segundo Gislei, há correntes de pesquisa que defendem o uso apenas do CBD; outras, a mistura com o THC. Logo, o estudo da Uece ganha relevância para identificar se somente o CBD vai ter algum benefício para a população com TEA.

“Nosso estudo é único no Brasil. Outros colegas, em outros Estados, farão estudos clínicos e com animais. São várias pesquisas para subsidiar as políticas públicas”, indica.

Os recursos financeiros do projeto serão aplicados em softwares, programas estatísticos, assistência técnica e consultorias. A previsão é que os resultados sejam divulgados em dezembro.

PALESTRAS EDUCATIVAS

Além das análises, o projeto da Uece tem duas fases de divulgação:

  • Julho a dezembro de 2024: escolas, postos de saúde e outros espaços no Ceará receberão palestras sobre a conscientização do uso de canabidiol sem evidências científicas no TEA;
  • Janeiro a julho de 2025: as palestras terão como objetivo a divulgação dos resultados da pesquisa a ser desenvolvida.

O professor Gislei informou que, por enquanto, um grupo de acadêmicos e profissionais de várias áreas tratarão sobre verdades e mitos no tratamento do autismo.

“Não queremos que esses resultados fiquem só em rede social, queremos chegar ao ambiente físico. Temos mapeadas algumas regiões e estamos procurando contato com as prefeituras. Se qualquer uma tiver interesse, pode nos contactar para a palestra de divulgação”, ressalta.




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