A chamada comunidade científica perdeu a paciência com a gestão da Saúde no Governo Lula. O atraso na compra de vacinas atualizadas da Covid colocou o atual governo como alvo de críticas de integrantes da comunidade científica, profissionais de saúde, entre outros grupos.
Dessa forma, eles lançaram nesta semana um abaixo-assinado cobrando do Ministério da Saúde a entrega das vacinas preparadas para novas variantes. Além disso, exigem mais medidas para fortalecer o combate à doença que matou ao menos 3.012 pessoas em 2024 —cerca do dobro das 1.544 mortes confirmadas por dengue no mesmo período.
“É inadmissível o total abandono que estamos vivendo em um país reconhecido mundialmente por nossas campanhas de vacinação e por um governo eleito com esta pauta“, diz o texto da manifestação publicada no site “Qual Máscara?”. A página reúne informações sobre o combate ao novo coronavírus.
O Ministério coloca a culpa pelo atraso na compra de vacinas ao processo de aquisição e alega que faz o possível para agilizar o contrato.
Quando publicado, o documento recebeu 15 assinaturas. Posteriormente, outras 1.780 pessoas aderiram à carta após divulgação do texto nas redes sociais.
A conduta de Lula tem sido comparada àquela que tentou colar em Jair Bolsonaro na campanha eleitoral de 2024.
Em fevereiro, a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, afirmou no X que a vacina adaptada à variante XBB chegaria ao Brasil no mês seguinte. Em março, a ministra Nísia Trindade prometeu começar a vacinar grupos prioritários em abril.
O Governo, porém, ainda não comprou o imunizante, o que fez a Saúde adiar o começo da campanha de imunização da Covid-19.
Integrantes da Saúde esperam fechar nesta sexta-feira (19/04) a compra da vacina da Moderna. O Departamento de Logística da pasta já deu aval para adquirir 12,5 milhões de doses, por R$ 725 milhões.
A ideia do ministério é que um primeiro lote chegue ao Brasil em cerca de uma semana. Como é preciso distribuir os imunizantes aos estados e municípios, a nova projeção é de começar a campanha em maio.
“Vai haver uma necessidade anual de atualização [das doses]. O Brasil é que dormiu no ponto, não comprou as vacinas“, afirma Monica De Bolle, professora de economia na Universidade Johns Hopkins e mestre em Imunologia e Microbiologia pela Universidade de Georgetown. Ela também assina a carta publicada no site “Qual Máscara?”.
Além disso, De Bolle diz que a vacina bivalente, última ofertada pelo SUS, já está desatualizada e não protege corretamente contra as formas predominantes da Covid-19.
Nas redes sociais, o divulgador científico Atila Lamarino também questionou a estratégia do governo Lula sobre a Covid. “Com tantos sinais conflitantes, queria entender qual estratégia pretendem seguir e o porquê”, disse em publicação no X.
Indagada sobre críticas que a atual gestão pode receber pela falta de doses no início da semana, Ethel Maciel disse que o ministério fez todo o possível para acelerar o contrato.
“A gente depende da aprovação da Anvisa [do registro da vacina atualizada], que aconteceu em dezembro. A gente iniciou a compra, que está acontecendo agora. Tivemos essa questão do pregão, com duas concorrentes. Do ponto de vista do Ministério da Saúde, tudo o que poderia ser feito para que o processo fosse o mais célere possível, foi feito“, disse a secretária.