Os jornalistas Michael Shellenberger, David Ágape e Eli Vieira divulgaram nesta quarta-feira (10) a segunda parte das investigações batizadas de Twitter Files Brasil. Segundo eles, o influenciador Felipe Neto tinha acesso privilegiado ao Twitter e foi procurado para tratar sobre as sanções impostas ao jornalista Allan dos Santos.
Os comunicadores falam sobre uma troca de emails em junho de 2021 entre o então chefe de políticas públicas do Twitter, Fernando Gallo, e o chefe de segurança da rede social, Yoel Roth, sobre uma investigação contra o dono do Terça Livre que na época publicava informações sobre a Covid-19.
– Gallo queria que Roth — envolvido na decisão de banir a conta de Donald Trump — banisse permanentemente a conta de Santos e que mudasse de ideia a respeito de manter no ar um tweet em que o jornalista “especulava a respeito do estado de saúde de alguém, fazendo uma conexão entre uma vacina e problemas de saúde, portanto criando dúvidas a respeito da segurança da vacina” – diz o documento divulgado no X com prints desta conversa.
Roth, porém, não aceitou apagar o tuíte de Allan dos Santos e Felipe Neto se revoltou com a decisão. Gallo escreveu que o influenciador estava “bem bravo” e “cada vez mais barulhento” por não conseguir o que queria.
Os funcionários do Twitter, que passou a se chamar X apenas em julho de 2023, temiam que Felipe Neto divulgassem as conversas privadas que mantinham e o chamaram para uma reunião [a investigação não sabe se este encontro aconteceu]. As trocas de e-mails, porém, mostram que Allan dos Santos teve a mensagem rotulada e recebeu uma suspensão por conta de outras violações analisadas pela equipe do microblog.
Os conselheiros jurídicos da rede social também acompanharam a questão do jornalista de direita e perceberam que poderiam “tirar vantagem” de decisões do Supremo Tribunal Federal pela suspensão global de uma das contas de Allan dos Santos.
