O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (SINDPESP) lançou antes de ontem (12.02) uma nota repudiando a Vai-Vai, tradicional escola de samba do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, por ter, em uma de suas alas, demonizado a polícia.
O desfile da Vai-Vai aconteceu na noite do último sábado (10.02), no Sambódromo da Anhembi, na capital paulista, e a ala denominada Sobrevivendo No Inferno trazia policiais do Choque vestidos de demônios com chifres e asas infernais.
"Ao adotar tal enredo, a escola de samba, em nome do que chama de 'arte' e de liberdade de expressão, afronta as forças de segurança pública, desrespeita e trata, de forma vil e covarde, profissionais abnegados que se dedicam, dia e noite, à proteção da sociedade e ao combate ao crime, muitas vezes, sob condições precárias e adversas, ao custo de suas próprias vidas e famílias", diz a nota do SINDPESP que ainda chama a Vai-Vai a fazer uma reflexão e se retratar publicamente.
A escola, entretanto, não só não se retratou como disse que a ala representou uma exaltação ao álbum do Racionais MC's que tem o mesmo nome. Segundo ela, foi uma representação do que significava a polícia na década de 90, em São Paulo, "com índices altíssimos de mortalidade da população preta e periférica".
Coincidentemente, essa crítica veemente à polícia acontece justamente quando a escola é investigada pela Polícia Civil, em um inquérito sigiloso, por associação direta com o Primeiro Comando da Capital (PCC), hoje a maior organização criminosa do Brasil.
Segundo as investigações, a Vai-Vai serve de lavagem de dinheiro para o narcotráfico e o principal elo de ligação entre a agremiação e o crime organizado é o ex-diretor financeiro e ex-presidente da entidade Luiz Roberto Marcondes Machado de Barros, o Beto da Bela Vista,
Sem fazer ligação entre a possível relação entre a escola e o PCC, o deputado federal Capitão Augusto e o deputado estadual Dani Alonso, ambos do PL paulista, enviaram ofícios ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) solicitando a suspensão do repasse de verbas públicas para a Vai-Vai pela forma ofensiva que tratou a polícia.
"Tal atitude não somente desrespeita a honra e a dignidade dos profissionais que dedicam suas vidas à proteção da sociedade, mas também contribui para a propagação de uma imagem negativa das forças de segurança, em um momento em que se faz mais necessário do que nunca o reconhecimento e o apoio ao seu trabalho", diz um dos ofícios.
Dessa forma, a Vai-Vai fecha 2023 e inicia 2024 manchando a sua trajetória que traz consigo 15 títulos carnavalescos. É lamentável saber que Carnaval e crime organizado possam estar lado a lado. Esse é um enredo que certamente não alegra a cultura brasileira.