A defesa de Cleriston Pereira da Cunha, morto no presídio da Papuda, em Brasília, onde estava preso desde janeiro por participar das manifestações na Praça dos Três Poderes, chegou a pedir para que ele pudesse responder ao processo em liberdade.
Cunha sofria com sequelas da covid-19 e seu advogado chegou a apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF), em abril, para que ele fosse para casa, pois continuar preso seria “uma sentença de morte”.
O habeas corpus apresentado ao STF teve o ministro André Mendonça como relator, que negou o pedido. Na decisão, o magistrado citou questões processuais e técnicas, sem mencionar as informações sobre as condições de saúde do preso. As informações são do Estadão.
O advogado de Cunha, Bruno Azevedo de Souza, chegou a fazer sustentação oral do recebimento da denúncia, citando um “quadro de vasculite de múltiplos vasos” e “miosite secundária à covid-19″. Essa condição mostra que o preso passou a ter danos nos músculos como sequela da doença.
– Ele já sofreu graves danos e grandes sequelas em razão da covid-19. Depende da utilização de bastantes medicamentos, que sequer são oferecidos pelo sistema penitenciário. É de extrema importância informar que a médica responsável pelo acompanhamento solicitou exames necessários para assegurar a saúde do agravante, todavia ele não pode comparecer aos exames devido a prisão preventiva. Essas condições podem acarretar em complicações fatais para o paciente. Nesse sentido, é notório que a segregação prisional pode acarretar uma sentença de morte – disse Souza ao STF, mas não teve o pedido ouvido.
Desde que foi preso, Cunha foi atendido pelos médicos da Papuda 36 vezes. Ele faleceu nesta segunda-feira (20), depois de passar mal durante o banho de sol. Equipes dos Bombeiros chegaram a atendê-lo, mas ele não resistiu e morreu.