“Nunca imaginaria dizer o que vou dizer aqui agora. (...) Eu queria confessar que estou passando um momento de saúde muito delicado. Emagreci sete quilos em trinta dias. Mas não é nada tão grave, vai se resolver. Eu precisaria muito da sua ajuda, da sua mão estendida”, disse o pastor Paulo Marcelo nas redes sociais.
O livro se chama “Vencendo as dificuldades da vida” e foi escrito pelo religioso em 2020. Na publicação, usuários criticaram-no pelo apoio a Lula e falaram para ele pedir ajuda ao presidente. Dias depois, ele publicou o trecho de uma live com o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta. O tema da conversa foi a relação da esquerda com os evangélicos.
Durante a campanha à presidência, Lula tentou se aproximar dos evangélicos, eleitorado mais próximo de Jair Bolsonaro (PL), que foi seu adversário. Na reta final da campanha, o petista chegou a ir a um culto e publicou uma carta direcionada aos evangélicos. Passado quase um ano do governo, a aproximação como grupo continua incipiente.
Já no governo de transição, os evangélicos ficaram sem espaço no governo. Houve uma discussão sobre a criação de uma Secretaria para o Diálogo Religioso, que ficou engavetada. Na época, o diálogo com os evangélicos e com outras religiões ficou sob responsabilidade do Conselho de Participação Social, que aglutinou demandas de movimentos sociais.
Além de ter sido o principal nome evangélico na campanha de Lula, o pastor Paulo Marcelo lançou a sua própria candidatura para deputado federal por São Paulo, pelo Solidariedade. No registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não há patrimônio declarado. O pastor ficou como suplente. Antes disso, em 2020, ele se candidatou a vereador pelo Podemos.
Um levantamento do Datafolha feito em maio deste ano mostrou que o segmento evangélico lidera a rejeição ao atual governo. Lula tem empreendido esforços discretos para aproximar o grupo, evitando entrar em assuntos polêmicos e caros para os religiosos, como aborto e drogas, e mantendo o diálogo aberto com parlamentares da bancada evangélica.
A reforma ministerial feita para acomodar o Centrão na Esplanada dos Ministérios trouxe para dentro do governo o Republicanos, partido presidido pelo deputado federal Marcos Pereira, que também é pastor da Igreja Universal do Reino de Deus.
A reportagem procurou a presidência através da Secom, mas não obteve resposta. O pastor Paulo Marcelo foi procurado através da sua assessoria, por mensagens e por ligações, mas também não atendeu ao Estadão.